Artigo
11/7/2025

ENAMED 2025: o que muda no novo exame para cursos de Medicina

As novidades são relacionadas a temporalidade de aplicação e estrutura da prova, e acesso à residência médica

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Com a publicação da Portaria MEC nº 392/2025, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) deixou de ser aplicado aos cursos de Medicina. Em seu lugar, foi instituído o ENAMED, novo exame oficial de avaliação específica para os estudantes de Medicina em todo o país.

A mudança representa uma reestruturação no modelo de avaliação da formação médica, com impacto direto na trajetória acadêmica e profissional dos futuros médicos.

ENADE x ENAMED

A substituição do ENADE pelo ENAMED representa mudanças na forma como os cursos de Medicina serão avaliados a partir de 2025. Uma das principais novidades está relacionada à temporalidade de aplicação da prova, enquanto o ENADE possuía formato trienal, o ENAMED passa a ser anual.

Outra diferença está na quantidade de questões, o ENADE contava com 60 a 80, enquanto o ENAMED trará 100 objetivas de múltipla escolha, ampliando a abrangência e a profundidade da avaliação. Além disso, no tempo de prova foi acrescida 1 hora, totalizando 5 horas, com aplicação em turno único. 

ENAMED e acesso à residência médica

Agora o ENAMED é integrado junto ao ENARE (Exame Nacional de Residência Médica), promovido pela Ebserh. Com a nova regulamentação, a nota obtida no ENAMED poderá ser utilizada como critério classificatório para o ingresso em programas de residência vinculados ao ENARE, desde que o estudante acerte, no mínimo, 50% da prova e utilize a pontuação em até três anos.

Essa alteração confere ao ENAMED um papel estratégico e duplo, além de avaliar a qualidade da formação acadêmica ao final do curso de Medicina, o exame passa a funcionar também como porta de entrada para a continuidade da trajetória médica na residência.

Estrutura da prova

O ENAMED será composto por 100 questões objetivas de múltipla escolha, elaboradas a partir do Banco Nacional de Itens da Educação Superior. As perguntas seguirão critérios de complexidade e contextualização definidos pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), com ênfase na formação clínica e nas competências que devem ser consolidadas ao final do curso de Medicina.

A aplicação seguirá cronograma nacional disponibilizado pelo MEC. Essa nova configuração proporciona uma avaliação mais aprofundada e abrangente, que reflete a realidade da atuação médica no país. O tempo estendido também visa garantir condições adequadas para que os estudantes possam demonstrar suas competências com qualidade e segurança.

Conteúdo por áreas

Essa organização reflete as Diretrizes Curriculares Nacionais, que buscam valorizar uma abordagem prática e integrada da formação médica. A avaliação dos estudantes de Medicina está estruturada em torno de seis grandes áreas do conhecimento médico:

  • Clínica Médica
  • Cirurgia Geral
  • Ginecologia e Obstetrícia
  • Pediatria
  • Medicina de Família e Comunidade
  • Saúde Coletiva

Além dessas, também serão abordados temas transversais:

  • Saúde Mental
  • Ética Médica
  • Atenção Básica
  • Atuação no SUS

A presença dessas áreas na avaliação tem como objetivo garantir que o futuro médico esteja preparado para atuar de forma completa e responsável nas mais diversas situações clínicas e sociais. A formação contempla desde o domínio técnico das principais doenças até o preparo para lidar com as urgências e emergências, passando pelo cuidado integral à saúde da mulher, da criança e da família. Ao mesmo tempo, amplia-se o olhar para os determinantes sociais da saúde, para o funcionamento das políticas públicas e para a realidade da prática médica nos serviços de atenção primária.

Os temas transversais são fundamentais para consolidar uma formação que ultrapasse os conhecimentos técnicos. Eles integram atitudes éticas, humanizadas e voltadas ao compromisso com a coletividade, estimulando o senso crítico e a atuação responsável no contexto do SUS.